DIANOITE//NOITEDIA

tchaca
2 min readApr 10, 2024

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Não me costumo escrever a noite. Busquei em vão uma continuação pra essa frase, como se ela precisasse de algo mais, como se seu estado de solidão desqualificasse sua própria existência. Usei um ponto final logo no começo do texto, quissá não seja um ponto que se pretende final, talvez uma espécie de ponto-vírgula, que só cria um respiro que não se sabe a necessidade.

E como disse, não me costumo escrever a noite, por isso deixei em descanso essa página de texto minimizada em sua janela durante a noite de ar condicionado acompanhado de meu coração que usa o meu de travesseiro enquanto enrolo pra dormir.

E já sai quase que rasante pela manhã, meio que prevendo a eminência de um atraso e eu raramente me abro o olho mas viro constantemente de lado um pro outro da cama em movimentos muito bruscos que nem me pareço ainda cansado, mesmo assim quase não me abro o olho.

Talvez por coisa de querer adiar o vínculo com o dia, fosse essa última hora de dormida espécie de purgatório, um espaço sem jurisdição, quase que espécie de hoje que habita entre um ontem e um amanhã.

Viver o agora & aproveitar o momento talvez sejam os conselhos mais banais que alguém já me deu e que provavelmente já dei pra alguém. É tão óbvio quanto difícil, e a soma injusta desses fatores me faz sentir totalmente incapaz, e a simples reflexão sobre isso já me tira de um agora possível.

E não espero que se possa, costuro os remendos de tempo guardados nas gavetas e me faço tricô sem dar pros meus netos por coisa de não tê-los. E com o calor que se faz por aqui talvez não desse anyway, muito mais sunga ou bermuda pra pular na água.

E algumas outras coisas que se fazem com menos frequência a noite, embora se façam, tipo arpoador especialmente no verão e tipo eu ontem escrevendo o começo desse texto que terminou de dia.

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tchaca

dando voltas pra chegar direto ao ponto. insta: @tcha.ca