MENDUIM ANTES DO ALMOÇO

tchaca
2 min readJun 10, 2024

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Nem todo texto começa com um bom amendoim. E nem todo amendoim tem a equação perfeita entre crocância e gosto, alguns se envelhecem mesmo em suas sacolas fechadas, umedecidos também pelas mãos molhadas que lhes tocam.

Coisa de ausência de toalha pendurada, ou espectro temporal da preguiça, que domina alguns finais de semana e descuida casa, se indispõe a arrumar algumas das bagunças que vão ganhando corpo, outras nem cogita, e o acúmulo de louça vai virando jenga que ninguém quer jogar.

Também as pessoas carregam acervos referenciais específicos, então o controle que tenho sobre a sua compreensão do meu é tão equívoca quanto pode ser, e não traduz outros tantos buracos que carrego.

Que peso nas costas hoje em dia me dá certa dor na lombar, talvez o mais insatisfatório registro de idade que me finca, também algumas das rugas do meu rosto, especialmente essa que só eu percebo, afinal é pra mim que vivo.

E não tenho dúvidas disso embora tenha, que muitas vezes me vejo agindo no impulso do social, do pertencimento, do que já tá dado sem reflexão, e nisso passo borracha em outras tantas vontades que me gritam muito mais.

Tivessem minhas certezas escritas de lápis e não de caneta, tão efêmeras quanto o tempo, apressadas pelas mudanças de página, borradas algumas das verdades por cima das mentiras, pequena confusão conceitual.

E me volto mastigante ao amendoim, tantas vezes fechadas quanto abertas a sacola mole de plástico reciclado, fosse essa certa experiência determinante à construção do texto, algo de acompanhamento, seja meu texto um bife, o amendoim nesse caso é arroz feijão e farofa, e sempre sobra um pouco.

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tchaca

dando voltas pra chegar direto ao ponto. insta: @tcha.ca