Me coloco numa espécie de desafio contínuo de seguir em frente, não me acovardo diante do brilho da tela, nem da falta de palavras que pairem agora mesmo na minha cabeça, acho que ainda fragmentada quase que despedaçada.
Desperdício de tempo e possibilidades, que sejam sim nesse caso a mesma coisa, ainda que tragam ideias que se permitem caminhar em paralelo, preferencialmente sem que se compare, com sede de alguns goles do que lhe falta por dentro.
E entra grosso pelo intestino sem muita pretensão de sair, fica ali alguns meses, remoendo entre indas e vindas pro mesmo lugar, agitado por algumas tosses e engasgos que acontecem aqui fora, na eminência da querência de que algo lhe despeje.
Quase que coça a garganta por procura, roça uma unha contra a outra, e algo do esmalte descasca sem entrar no bolso, me olho femininamente no espelho, seguro de que ele não é uma TV e mesmo assim me sinto trocar de canal.
Busco apertar alguns dos botões que enxergo em mim, doce ilusão de autocontrole, e quando me vejo já mastigo compulsivamente uma quantidade grande de açúcar que me gruda entre os dentes, justo no espaço onde não se quer que se grude nada e sábios os que se usam fio dental.
Questão do mínimo virando máximo, talvez por coisa de girar as coisas de cabeça pra baixo, e só assim o cabelo toca o chão, tomara que limpo pra depois não ter que tomar banho, embora lhe goste a água aquecida deslizando leve pelo corpo, e depois a fria arrepiando os poros que se abriram e reforçando assim a importância do contraste na vida humana.
Logo eu que sempre tão cachorro, woof woof, e alguns dos gatos da esquina se fogem de medo, sem saber que sou cachorro bom, fofo, e me gostam os gatos miau, que se voltem e brinquem comigo, ainda que depois disso eu acorde de um grande sonho.
