tava pensando aqui 2.0

tchaca
2 min readApr 22, 2024

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E se eu for por um caminho mais literal? A própria palavra literatura carrega consigo esse mesmo radical, talvez isso indique algum tipo de necessidade de se seguir essa intenção. É que sempre me perco nas inúmeras possibilidades de cada palavra que constitui cada linha como espécie de infinito, e busco ativamente trazer aspectos intrinsecamente subjetivos e de impossível compreensão sem que se seja eu. Isso me dá algo de prazer, fosse espécie de fetiche da construção semântica o manter oculto, o deixar escondido, pra que ressoe aleatoriamente na cabeça de quem lê. Eu tenho interesse nisso, quero provocar a incompreensão indistinta, quero que a pessoa nem chegue a achar que entendeu, mas que possa se cair nos encantos enfeitiçados que se carimbam com certa beleza. Talvez eu mesmo dance com as palavras sem saber o passo, e por isso elas mesmas se confundem juntas comigo, que vou dando risadelas solitárias enquanto me falo também sozinho. Na verdade eu nem acho que vou saber se meu efeito tá gerando causa, e também não busco, pois toda ideia de incompreensão ficaria injusta; nesse sentido eu me ausentaria dela, e isso tende a quebrar o elo de confiança que vai se estabelecendo entre quem escreve e quem lê. Existe algo de cumplicidade nesse encontro, por mais que o encontro em si não aconteça, por mais que nem seja essa a ideia. A própria capacidade de me imaginar já influencia a imaginação em si, já cria espécie de nicho e cada nicho traz uma certa leitura particular e peculiar, e nesse caso a incompreensão passaria a estar permeada por pequenos espectros de compreensão, oque não me interessa, mesmo que seja tudo que você mais quer. Minha ideia é partir da não-ideia, do nada, e fazer espécie de escavação meticulosa pra que talvez encontre pequenas pepitas preciosas pra minha coleção pessoal. Talvez nesse processo você me ajuda, honestamente eu não sei.

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tchaca

dando voltas pra chegar direto ao ponto. insta: @tcha.ca